A próxima revolução no campo virá das startups, diz especialista reconhecido pelo MIT como um dos mais inovadores da América Latina
Renato Borges, CEO da Agrointeli, afirma que a agricultura sofrerá o mesmo impacto tecnológico do sistema bancário
Nos últimos 40 anos, a produção agropecuária brasileira se desenvolveu de tal forma que o País já se destaca como um dos grandes fornecedores de alimentos do mundo e deve ser o grande fornecedor de suprimentos alimentares do futuro. Isso é o que acredita Renato Borges, CEO da Agrointeli, que foi reconhecido pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), como um dos jovens mais inovadores da América Latina. A lista publicada recentemente contém mais quatro brasileiros, sendo o executivo sul- mato-grossense o único representante do agronegócio.
Na visão de Borges, a revolução no campo, que poderá tornar o Brasil líder no mercado mundial, só virá por meio de uma expansão tecnológica, da democratização da conectividade nas lavouras. Nesse sentido, quem terá o protagonismo serão as startups e não as multinacionais ou grandes empresas, movimento semelhante ao que aconteceu no mercado financeiro com a entrada das fintechs. De acordo a pesquisa “Brasileiro e o dinheiro” realizada em 2017 pela MindMiners, 25% dos respondentes afirmaram que utilizavam as fintechs, já em 2019, este número passou para 55%.
O fato do brasileiro ser um dos povos mais conectados do mundo tem ajudado as fintechs. Segundo levantamento da TIC Domicílios 2019, três em cada quatro brasileiros acessam a internet, o que equivale a 134 milhões de pessoas. Porém, no campo, a realidade ainda é outra: mais de 70% das propriedades rurais não têm internet. É o que aponta o último Censo Agropecuário, de 2017, realizado pelo IBGE.
“Hoje um dos gargalos para adoção da tecnologia no campo é a conectividade, o desafio é fazer a internet chegar no meio rural. Mas aí também está a grande oportunidade, especialmente para os empresários inovadores, que podem levar soluções que melhorem a produção da lavoura de pequenos e médios agricultores através de tecnologia”, avalia Borges. Hoje, segundo o executivo, apenas os grandes produtores e grupos agrícolas têm acesso a tecnologias que otimizam as produções. “Bom lembrar que os pequenos produtores, segundo números do IBGE, são responsáveis por abastecer 70% dos alimentos que chegam à casa dos brasileiros”, relata.
Na esteira desses desafios surgem oportunidades para o agronegócio brasileiro e para os inovadores. Empresas como a Agrointeli, liderada por Borges, têm democratizado o acesso de pequenos agricultores de grãos a ferramentas que aumentam a produtividade da lavoura. Com preço acessível, a empresa gera inteligência, automação e otimização de processos, ajudando os produtores a tomar as melhores decisões na hora certa. “Dessa forma, os produtores economizam dinheiro e tempo, explica Renato.
Além de ajudar os agricultores, como consequência, Borges é um dos jovens empreendedores brasileiros que está liderando a revolução tecnológica no agro. Somente em 2020, mesmo diante da pandemia de Covid-19, a Agrointeli registrou crescimento de 500% em seus negócios. Porém, os objetivos de Renato são ainda maiores, é fazer da sua plataforma o maior sistema de inteligência artificial para o campo da América Latina.
“Nossa demanda está crescendo muito no Brasil e estamos vendo que há também oportunidade em outros países, como o Paraguai, Uruguai, Bolívia e o Chile. Há produtores empreendendo nestas regiões, mas não há soluções tecnológicas para atendê-los. Como a nossa solução monitora qualquer fazenda no mundo com precisão, fizemos um mapeamento e estamos com foco inicial em levar o nosso monitoramento para a América Latina”, analisa.
Além de expandir seus negócios, Borges quer aumentar a produtividade e reduzir o impacto ambiental da agricultura em um contexto de crise climática e hídrica com uma população crescente que demandará mais alimentos.
“Nos próximos 30 anos estima-se que a população vai crescer 50%. Para atender toda essa população, a indústria agropecuária vai ter que crescer 70%, significa que vai ter um 1 Bilhão a mais de toneladas de soja, trigo e outros cereais, por exemplo. Para aumentar a produtividade precisamos ser sustentáveis. As fazendas com maior potencial de produção estão na África e na América latina. Acredito que mais de 40% da produção de alimentos virá do Brasil. Quem vai trazer a agricultura mundial e nacional para o próximo patamar, e que irá garantir a segurança alimentar no planeta utilizando os recursos naturais de forma sustentável, aumentando a produção de alimentos para suportar o aumento da população, serão as startups. O Brasil tem a oportunidade única desta nova safra de startups, de serem referências mundiais em tecnologia” finaliza o CEO da Agrointeli.
Sobre Renato Borges
Como CEO e fundador da Agrointeli, Renato Borges criou uma das principais plataformas de software de agronegócio da América Latina. Liderando a empresa em 350 fazendas, 4 países, 18 estados brasileiros, mais de 360.000 hectares processados pela plataforma por dia, Renato Borges Liderou + R$ 1M de investimentos, sob sua gestão. Atualmente é o CEO da Agrointeli. Foi recentemente reconhecido pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) como um dos jovens mais inovadores da América Latina e integra a lista de 2021 da Forbes Under 30.
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Redação @nordestinospaulistanos
Por Augusto Pigini – Bendita Imagem